Amizade por interesse

Amigos, não se enganem, sou cheio de interesses.

Meu grande desejo na vida é, num futuro médio-distante, poder contar história de gente famosa que fez parte da minha vida na juventude. Mais ou menos como as caminhadas intermináveis de Antônio Cândido e um amigo chamado Décio. Um foi levar o outro até o portão, mas resolveram andar enquanto houvesse assunto. Quando li essa história me bateu uma inveja...

Eu tento fazer dessas. Veja a Francine Hellmann, por exemplo. Ela já foi o meu Décio. Um dos meus maiores orgulhos são as nossas caminhadas, principalmente aquelas que me faziam chegar atrasado ao trabalho. E era melhor ainda quando ela também se atrasava para entrar no trabalho pelo mesmo motivo. Aí conta-se também nossas horas perdidas nos bancos da faculdade, no msn, em casa, mundo afora...

Mas Fran, você precisa ficar relativamente famosa. Um pouquinho, pelo menos.... por favor!

Não precisa ser celebridade, nem ter um vídeo com 200 mil vizualizações no You Tube. Basta ser conhecido por meia dúzia.

Hoje, por exemplo, deveria ir ao bar com um jornalista que veio de Portugal pra cá, passar as férias. Ele passou boa parte da vida aqui, pelo que sei. Na mesa, só teria personalidade local. Um urbanista, uma repórter, uma assessora política, o próprio jornalista, que tem uma coluna no jornal daqui e mais umas pessoas que fazem parte da minha história mais intimamente, como a Fran, citada acima.

Não vou, pois chove muito aqui. Mas queria ir só pra contar a história depois: "Lembro uma vez, que tava no bar eu, Zé, Amandinha, o Jordi, aquele comentarista, a Fabi, a Manu e a Jéssica, e aí eu falei... blá blá blá..."

Falando em Jéssica, foi com ela que comecei a perceber essa mania de gostar de gente brilhante. A Jéssica é só poesia. Talvez um pouquinho de cabeça, mas bem pouquinho. O resto é poesia. É dança, música, luz, energia. Acho que foi a grande motivação do namoro. Essas coisas me motivam. Já pensou contar para os netos que namorou uma escritora, que foi amigo daquele repórter da Sportv, o Juliano, ou que jogou bola com Veve, goleiro da seleção?

Enfim, eu gosto de gente assim, gente que brilha. E não estou falando de vampiros modernos que brilham no sol. Gosto daqueles que morrem no sol. Gosto de gente com carisma, que vai longe. Para alguns amigos eu olho e penso: "Esse vai longe... não sei pra onde, mas vai longe".

Alguns não vão. Vão apenas virar boas histórias. Grandes Décios...