Post de dia dos namorados

Fiz este perfil para a disciplina de Redação Jornalística 6, da professora Marília Maciel. Estou com problemas para fechar o semestre e por isso fiz de uma pessoa bem próxima. Eis a minha justificativa para a profê e o texto abaixo:
Oi, Marília

Não consegui fazer o perfil no prazo, muito menos de alguém "importante". Contudo, fiz um perfil de alguém importante pra mim e que tenho certeza que será lido por muita gente na faculdade. É alguém bem próximo e entendo se descontares pontos por causa disso. Tentei fazer bem feitinho por isso.

Espero que aceites.
Efeito borboleta
Jéssica Michels tem nome de modelo, talento de fotógrafa e vontade de jornalista. "Não sei nada, mas eu quero saber tudo", disse, depois de uma conversa comigo (sim, eu, o autor), o quase namorado, em que falávamos sobre a profissão repórter. Aos 18 anos, a moça está no segundo ano do curso de comunicação social – com ênfase em jornalismo – na Associação Bom Jesus/Ielusc. A vontade era – ou ainda é – ser atriz, mas caiu, por sorte (minha, o quase namorado) no jornalismo. Vista por alguns colegas como uma menina maluquinha, Jéssica dança à toa pela faculdade, faz acrobacias, troca beijos embaixo da torre da igreja e é motivo de muitas fofocas. O jornalismo, no entanto, deu à Jéssica algo único: a oportunidade da transformação, a mudança ao pensar e agir, o pulo à fase adulta (sem deixar de ser criança), aquilo que podemos chamar de "efeito borboleta".
A referência ao pequeno inseto alado e colorido não é à toa. Jéssica tem asinhas. Antes mesmo de pisar nos tijolos hexagonais das dependências educacionais luteranas ela já era conhecida dos veteranos como a senhorita "atrevida butterfly", como se auto-intitulava após aparecer na revista adolescente “Atrevida”. Lá no final de dezembro de 2007, a borboleta já se atrevia pelo orkut, onde afirmava uma das suas principais características: a amizade fácil. Pode-se chamar de simpatia, mas deve ser um desejo incontrolável de se relacionar que a leva a conhecer tão rapidamente alguém e tão logo conversar como melhores amigos. Mas, como nem tudo são flores, Jéssica despertou tantos amores quanto ódios. "Meu, que guria insuportável!"; "Ela só quer aparecer." Essas são algumas frases comentadas à época, mas que ainda se ouvem ruídos nos corredores da faculdade. Tais comentários, porém, nunca a ofenderam, garante, mesmo aqueles mais ácidos, que caçoavam das besteiras que falava e dos erros de língua portuguesa que cometia. Logo que começaram as aulas, Jéssica ainda sofreu com a perseguição, pois ninguém resistia a tirar um sarrinho daquela menina grande (a altura também é de modelo: 1,75m), uma caloura feliz, assim como é todo calouro.
Um ano e meio depois muita coisa mudou. Já é difícil encontrar alguém que não goste da ex-atrevida butterfly. "Ex" apenas porque o apelido ficou lá para trás, pois Jéssica está mais atrevida do que nunca. Repórter da revista eletrônica do curso de jornalismo (Revi), desde março, ela já não comete tantos erros de português, já descobriu a paixão pela fotografia, já odiou o software de diagramação, já amou Joel Silveira e já não entendeu nada de semiótica. Um ano e meio depois ela já afirmou outra de suas principais características, a tietagem.
Jéssica ama quase tudo o que vê. Fã de frases, ela sai colando em seus meios eletrônicos – a orkut, msn, twitter, flickr – as que lhe impressionam, seja o verso de um grande poeta ou uma frase de efeito dita por uma amigo inspirado. Essa paixão pelas coisas talvez seja o motivo que a leva a querer ser jornalista, fotógrafa, cineasta, roteirista, escritora, atriz...
“Sempre quis ser jornalista, só não sabia disso”, conta, após lembrar da primeira entrevista da carreira, aos 9 anos: “Eu estava com os meus pais no shopping Cidade das Flores e encontrei o Silvestre Ferreira e o grupo Dionísios numa mesinha. Aí meu pai disse: 'não quer ser atriz? vai lá falar com eles'. Cheguei lá, sentei junto deles, e perguntei milhões de coisas.” Depois disso, atuou como assessora de imprensa do grêmio estudantil, no qual editava – em word – o jornal “Camiseta Branca”. Influênciada pelo tio Osni Moreira da Cunha, que morreu vítima do alcoolismo em 2006 e editava um jornalzinho do bairro, Jéssica revela que o senso de justiça foi outro fator decisivo. “Ainda sonho em fazer tremer as estruturas dos poderosos”. Apesar da insegurança típica que bate em quase todo universitário, Jéssica sente-se bem no curso, e destaca-se como uma talentosa fotógrafa. Ela vem aperfeiçoando as técnicas desde o ensino médio, fotografando a melhor amiga, Bruna. No entanto, foi na faculdade que se encantou de vez: “Eu adoro fotografias urbanas, retratos, e até um pouco de fotografia de moda”.
Além da profissão, a religiosa Jéssica Michels descobriu outras coisas no ensino superior. Católica, participante do Grupo de Jovens, foi surpreendida pelo questionamento aos valores com os quais sempre convivera. A homofobia, por exemplo, deixou de fazer parte do seu caráter por causa do convívio com gays, lésbicas e simpatizantes, que pululam na faculdade. Aliás, o jornalismo tem por premissa ser contra todos os preconceitos, ao contrário da igreja, fomentadora de alguns. Esses dois ambientes que frequenta levam Jéssica a um conflito interno constante, mas inerente à humanidade.
Essa é uma parte de Jéssica Michels, a menina com cara de modelo e ódio de suas gordurinhas localizadas (que eu, como repórter isento que sou, procurei minuciosamente e nada achei), um retrato muito peculiar de como a vivência de um curso superior pode mudar uma vida, mesmo que ela continue com a mesma rotina. E a de Jéssica é pegar o ônibus depois da faculdade, lá pelas 23 horas, rumo ao bairro João Costa, onde mora, para voltar ao aconchego germânico da família.

6 comentários:

  1. É verdade! Cada palavra e descrição por aqui. Eu mesma, fui uma das tantas que não gostava da Michels. Hoje em dia, virou companheira, amiga, e quem sabe futura namorada do melhor amigo. Parabéns pelo perfil fê, aneguiha merece!

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  2. Talentoso e elegante na escrita. Abs.

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  3. Bem escrito e agradavelmente bem humorado, o pouco que conheço dela posso dizer que o texto faz jus a pessoa.
    Beijos!

    Ana Hemb.

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  4. Comecei a ler no fotolog e terminei aqui no blog muito bom, adorei. E boa sorte com o futuro namoro ;)

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  5. Muito me agradou o texto, felps. transparente e bem humorado. e ela, gostou?

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