O curso de Comunicação Social da Associação Bom Jesus/Ielusc está em crise. Primeiro foram as saídas de alguns dos principais professores, depois dois semestres em que vimos a apatia tomar conta de todos e, por último, e talvez mais grave, as demissões de vários professores. A crise, afirma-se, é financeira. No entanto, quero destacar aqui a outra crise, a do ensino. Essa é a que nos interessa. A ligação entre as duas a gente vê mais pra frente.
O que vimos no último semestre foi lamentável. Parecíamos, e éramos tratados, como um bando de robôs ou funcionários-modelos, que batem o cartão às 19 horas e vão embora às 22h30. No último semestre, os estudantes mal suportavam as aulas. A faculdade - o pátio, os corredores - parecia cada vez um cemitério. E as salas de aula não estavam diferentes. A participação era cada vez menor. Sentava-se, ouvia e ia embora. Reclamavam, todos reclamavam, mas sempre sozinho e para as paredes.
Uma das primeiras reações à crise aconteceu quando uma das estudantes do 2º ano, Bá, procurou dialogar sobre a questão. Ela propos ao professor Gleber Pieniz, que sempre foi acessível para o tipo de situação, que dedicassem um tempo da aula para discutir sobre o andamento do semestre, sobre a apatia, sobre a crise, sobre as soluções. A conversa não resolveu muita coisa, mas serviu para se ter uma visão da questão, ou para começar a ter.
Depois disso, veio o Jucs, os Jogos Universitários de Comunicação do Sul. Foi neste momento em que começou a se desenhar uma união maior entre os estudantes dos dois cursos - PP e Jornal. Neste momento, o grupo que foi ao evento, pelo menos, se animou e começou a gostar, novamente, da faculdade. Na volta, o final do semestre pegou a maioria de jeito, com trabalhos e provas. Todo mundo teve que rebolar para passar. Isso também gerou um desgaste emocional grande, mas serviu como impulso para a situação a seguir.
A reunião do Colegiado foi o primeiro ato do nossa tragédia anunciada. Reunidos estudantes, professores, coordenadores e um representante da direção, abrimos a ferida pela primeira vez. Eu (sem semestre), Ronaldo (7º), Marcus (5º), Jaqueline (3º), Eduardo (3º) e Carol Datria (1º) fizemos um coro sobre nossa insatisfação, sobre a impossibilidade de continuar a estudar diante da mediocridade em que estávamos envoltos. Foi um momento muito importante, porque além da unidade que demonstramos, mesmo sem planejar, vimos que essa insatisfação é também dos professores, sobrecarregados pelo trabalho e pela tensão que permeava o corpo docente naquele momento. Foi também nesta reunião que percebemos a dificuldade de diálogo com a direção. Surpreso com a nossa iniciativa, o coordenador de ensino superior justificou a crise com a outra crise, a do ensino superior no Brasil, isentando a direção do curso. Na minha opinião, nossas perguntas não foram respondidas e a reunião logo foi encerrada (por todos, já que o horário da reunião do Colegiado é bastante desgastante - sábado, às 11 horas).
Segunda-feira, última semana de aula. O Dacs faz uma assembleia geral para definir coisas relacionadas à semana acadêmica e também para fazer um relato sobre a reunião do Colegiado. Após a reunião, com a turma do 3º semestre, o professor Gleber faz um relato sobre a visão dos professores (pelo menos dos combativos) sobre a crise. É uma tentativa de tentar a conscientização de todos.
A semana passou voando, com todo mundo fazendo malabarismo para passar. Na sexta-feira, quando já se acenava a tranquilidade, a coordenadora de PP, Sônia Santos, foi demitida. Mais uma vez, fomos pegos de surpresa, no apagar das luzes.
Na segunda-feira, outro capítulo. Os professores foram convocados pela coordenação para alguns informes. Nesta reunião, segundo o que nos foi passado, foi anunciada a política de cortes - de pessoal, de horas-aulas. Foi cobrado mais empenho (num momento de corte!!), a busca de projetos. E foi dito: "E quem não estiver satisfeito com esta realidade, que se retire". Saiba mais aqui.
Soubemos de tudo isso no dia seguinte, numa reunião entre alunos. Soubemos do corte da insalubridade das tias da limpeza. Saímos um tanto chocados da reunião e começamos a nos organizar num grande grupo de e-mail. Logo após, foi entregue uma carta do Dacs à direção, falando sobre a nossa posição de cobrança, de busca de satisfações. Veja a carta. Foi quando começou todo o burburinho na internet, nas redes sociais, com diversos alunos, ex-alunos e ex-professores se pronunciando à questão.
Na terça seguinte fizemos outra reunião, entre alunos, tentando organizar o debate. Não decidimos muita coisa, mas estamos nos estruturando para poder bater de frente sem falar bobagem. Foi então que a direção chamou um de nossos representantes, o Marcus, para uma reunião fechada. Marcus, que é um dos principais articuladores e talvez o que mais dá a cara a tapa, certamente foi chamado para um "cala a boca". Só que eles não contavam com a astúcia do rapaz, que só disse que falava com todo mundo junto. E, sem saída, na sexta-feira, o Leandro teve que nos ouvir. Ouviu, mas riu, desrespeitando as nossas falas. O coordenador, Sílvio Melatti, indicado pelo corpo docente para o cargo, serviu de escudo da direção nesta reunião. Algo que me é muito estranho, mas que ainda tento entender. Saiba como foi a reunião aqui.
Na última terça, fizemos nova reunião e bolamos algumas estratégias estratégias para esta luta. Vamos usar as férias para nos preparar para o debate, que será intenso no decorrer do semestre. E para isso todos são bem vindos.
A última bomba foi a demissão do professor Gleber Pieniz, que tava na linha de frente da luta. Um dos poucos que questionava a direção, que não temia a retaliação. E eu não julgo quem teme, porque ela veio. Gleber foi demitido após falar umas verdades para o pastor Leandro. A história de que as demissões haviam cessado eram papo furado. Apesar de insatisfeito, Gleber não pediu para sair, pois contava que daria pelo menos duas disciplinas neste semestre. Se ele queria sair, é outra história. O fato é que foi demitido.
Fiz esse texto para contextualizar aqueles mais perdidos. Nós, estudantes, não vamos parar de batalhar por um curso de alto nível. Neste momento, ainda é muito obscuro o que está acontecendo. Não sabemos o que esperar de um futuro próximo. A direção já perdeu a credibilidade conosco e o corpo de professores, combativo, sério, exigente, foi desmontado. Esperamos inserir os novos na luta, exigir deles, exigir dos colegas estudantes. Ninguém aqui quer o diploma pelo diploma. E quem quer que vá pra PUC.
A nossa briga é por um curso de qualidade, humanista, que não esquece do mercado, mas que também não o prioriza. Como vamos fazer para tê-lo? Lutando por um. Mas pra isso precisamos da colaboração de todos, sem pensar em desistir.
É, do jeito que a coisa está daqui a pouco terá aluno dando aula sem ser professor...
ResponderExcluirVirou Anhanguera.
ResponderExcluirExato!
ResponderExcluirNão fazemos parte deste sistema.
ResponderExcluirPerfeito, baby.
Jéssica Michels
Mas com a mensalidade sendo mais que o dobro da Anhanguera.
ResponderExcluirEu Emanuelle, estudo no ielusc há quase cinco anos. E como a grande maioria dos estudantes,senti profundamente as mudanças no curso.
ResponderExcluirDialogar com ex docentes, chamar ex alunos, conselhos comunitários, fórum de comunicação e quem pensa a comunicação na cidade é talvez a única estratégia que nos sobra. O contato com a comunidade será nosso respiro. Enviar através de uma carta à imprensa, aos camaradas, aos sindicatos, ao governo sobre os problemas que temos passado, e a maneira como nos é apresentado os problemas e o descaso com os pedidos do corpo discente.
Essa é a chance dos acadêmicos se unirem. Mostrar que é possível sim fazer uma faculdade diferente, que e possível ir na contra-mão do ensino superior brasileiro, como acontecia há anos atrás nessa instituição.
Temos o apoio de dezenas de profissionais já formados. Nas redações já é sabido do triste desfecho do curso. Acho que o passo agora é mobilizar mais apoiadores.
Por que é preciso mobilizar a sociedade?
O Ielusc é uma instituição sem fins lucrativos.
Recebe incentivo do governo para que possa continuar de portas abertas. Sendo assim, há dinheiro público investido. Há o imposto do mercado, há o imposo do advogado, do servidor público. É então dever da sociedade fiscalizar como esse investimento governamental está sendo gerido.
Além disso estamos falando de educação. Já é hora da sociedade - pelo menos do pares acadêmicos - se atentarem pro fato de que esta é uma política pública que deve ser fiscalizada com mais rigor. Não podemos permitir a formação de profissionais de comunicação que tenham uma visão prejudicada de educação, sociedade, ensino.
Se a lição que nós alunos estamos aprendendo é que não há diálogo com a sua instituição de ensino alguma coisa está errada.
Ao invés de nos provocar o debate nosso curso nos robotiza e nos faz aceitar suas imposições?
Compreendo que a maioria destas decisões não partem da coordenação do curso - que apesar de mostrar-se interessada pela qualidade do ensino não sido transparente ao dialogar - sabemos que a "coisa é mais embaixo". Há no alto do sino do pátio a ordem:
_Cortem as cabeças! Cortem as cabeças!
Não é assim que funciona. Pelo menos vamos mostrar que não é.
A gente não pode se esquecer que há um detalhe nisso tudo:
ESTAMOS PAGANDO POR UM ENSINO SUPERIOR QUE NÃO CONDIZ COM O QUE NOS FOI OFERECIDO NO COMEÇO DO CURSO.
Estamos tirando quase R$800 reais por mês para ter dúvidas se esse é mesmo o caminho a seguir. Vamos pagar mais de 35 mil reais para uma formação que não e exatamento o que esperávamos?
Devemos pedir, e se preciso for, exigir diálogo.
#MobilizaIelusc é a campanha.
Beijos compas.
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ResponderExcluirEu Emanuelle, estudo no ielusc há quase cinco anos. E como a grande maioria dos estudantes,senti profundamente as mudanças no curso.
ResponderExcluirDialogar com ex docentes, chamar ex alunos, conselhos comunitários, fórum de comunicação e quem pensa a comunicação na cidade é talvez a única estratégia que nos sobra. O contato com a comunidade será nosso respiro. Enviar através de uma carta à imprensa, aos camaradas, aos sindicatos, ao governo sobre os problemas que temos passado, e a maneira como nos é apresentado os problemas e o descaso com os pedidos do corpo discente.
Essa é a chance dos acadêmicos se unirem. Mostrar que é possível sim fazer uma faculdade diferente, que e possível ir na contra-mão do ensino superior brasileiro, como acontecia há anos atrás nessa instituição.
Temos o apoio de dezenas de profissionais já formados. Nas redações já é sabido do triste desfecho do curso. Acho que o passo agora é mobilizar mais apoiadores.
Por que é preciso mobilizar a sociedade?
O Ielusc é uma instituição sem fins lucrativos.
Recebe incentivo do governo para que possa continuar de portas abertas. Sendo assim, há dinheiro público investido. Há o imposto do mercado, há o imposo do advogado, do servidor público. É então dever da sociedade fiscalizar como esse investimento governamental está sendo gerido.
Além disso estamos falando de educação. Já é hora da sociedade - pelo menos do pares acadêmicos - se atentarem pro fato de que esta é uma política pública que deve ser fiscalizada com mais rigor. Não podemos permitir a formação de profissionais de comunicação que tenham uma visão prejudicada de educação, sociedade, ensino.
Se a lição que nós alunos estamos aprendendo é que não há diálogo com a sua instituição de ensino alguma coisa está errada.
Ao invés de nos provocar o debate nosso curso nos robotiza e nos faz aceitar suas imposições?
Compreendo que a maioria destas decisões não partem da coordenação do curso - que apesar de mostrar-se interessada pela qualidade do ensino não sido transparente ao dialogar - sabemos que a "coisa é mais embaixo". Há no alto do sino do pátio a ordem:
_Cortem as cabeças! Cortem as cabeças!
Não é assim que funciona. Pelo menos vamos mostrar que não é.
A gente não pode se esquecer que há um detalhe nisso tudo:
ESTAMOS PAGANDO POR UM ENSINO SUPERIOR QUE NÃO CONDIZ COM O QUE NOS FOI OFERECIDO NO COMEÇO DO CURSO.
Estamos tirando quase R$800 reais por mês para ter dúvidas se esse é mesmo o caminho a seguir. Vamos pagar mais de 35 mil reais para uma formação que não e exatamento o que esperávamos?
Devemos pedir, e se preciso for, exigir diálogo.
#MobilizaIelusc é a campanha.
Beijos compas.