"Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons?
Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância."
Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância."
Esta mensagem chegou a mim por e-mail numa discussão interna do partido que faço parte. Junto a ela, estava o conselho de um colega, que dizia para outro fazer a diferença, mudar o sistema. O recado não era para mim, mas serviu como uma luva.
Digo isso porque hoje larguei mais um emprego. Sim, mais um. Eu nunca dei certo em emprego nenhum por vários motivos. Raramente fui demitido, e quando fui, era porque não havia trabalho (Embraco, agência A2C), e não porque os chefes desgostavam do meu trabalho. Enfim, o fato é que ainda não dei certo profissionalmente e minha mãe me odeia - ao menos temporariamente - por isso.
Hoje saí de um emprego promissor, do qual podia iniciar uma boa carreira. Fiz algo parecido há dois meses. Foram decisões difíceis, principalmente para um estudante, de família pobre, que vê um mercado cada vez mais difícil para entrar, para se destacar.
Decisões difíceis, mas, no entanto, acertadas para o meu espírito. É contraditório que eu fale em carreira, já que eu saí justamente pela exigência de fazer uma puta carreira. Nos dois lugares, os chefes me chamaram e fizeram uma exigência totalmente legítima para a lógica deles, mas que feriam gravemente meus princípios. Não vou bajular gente ruim, sem caráter, por dinheiro (que nem viria pra mim, mas sim para o chefe. Mas isso não faz diferença no raciocínio). Não vou servir, não propositalmente, a esse sistema.
A decisão, aqui, não parece tão difícil. Mas é. Você (eu) decepciona uma série de pessoas, fica com má fama (de vadio, de encrenqueiro, de ruim de trabalhar), perde o mínimo de moral que tem com a família da namorada e outros conhecidos. Quanto aos amigos, os bons, sempre estarão ao seu lado, vão ouvir você, sua argumentação, suas razões. Eles podem não concordar, não entender e dizer que jamais fariam igual, mas não vão julgar você. Nessa situação, o mais difícil é lidar com a minha mãe, a pessoa que mais quer que eu dê certo e a que mais sofre com isso (e a que me faz pensar duas ou três vezes antes de decidir sair).
Enfim, eu posso até pensar muito bem antes, mas nem preciso. Quando decido sair, é definitivo. Quando fere qualquer um dos princípios, se torna definitivo.
Isso não é nenhuma ode à moral, nenhuma tentativa de me colocar num patamar superior, de santidade. Já feri varios princípios. É impossível viver sem fazê-lo. O que não posso fazer é ser condecendente com isso. Não posso saber que vou feri-lo, criar uma margem de erro.
Não estou julgando ninguém. Eu só não quero participar daquilo que faz mal, que, na minha visão, faz mal para o mundo, para as pessoas.
Tem gente que acha que eu sou difícil, que não levo desaforo pra casa. Outros, como meu ex-chefe, vão achar que eu não tinha garra ou capacidade suficiente para ser a nova promessa executiva do business. No julgamento apressado, certamente vai me usar de exemplo de "vacilão". Não sou eu que vou perder tempo em explicar algumas coisas pra ele.
Sempre achei que a melhor coisa para ter de certas pessoas é distância. Eu até aturo, mas me afasto daqueles que não vejo como boas pessoas. É isso que eu fiz mais uma vez.
Certas decisões são difíceis porque você sabe que as consequências são cruéis. É preciso coragem para tomá-las. E hoje eu considero que tive, sim, certa dose de coragem. Pode ser também a falta dela, a falta de coragem pra enfrentar um desafio. Mas o problema é que não vi desafio algum na situação. Recebi a proposta para ser outra pessoa, uma pessoa que eu não quero ser. Dispenso.
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