Meu NÃO ao conformismo

A cada dia, a cada vivência, percebo/reforço/descubro a necessidade imperativa de não desistir, de não ceder, de não me conformar com o mundo da forma como é vivido. Isso não significa, no entanto, ir contra tudo e todos. Isso significa, pra mim, lutar com garra, mas da maneira que der, por aquilo que acreditamos. Isso significa lutar por um mundo melhor todos os dias, de maneira equilibrada, mas sem deixar de lutar.

Falando em equilíbrio, sou um sujeito que vive na corda bamba. Tenho grupos bem distintos de amigos. De um lado, os normais (isso não é um elogio), e de outro, os radicais (também não é elogio). No meio disso, há os excêntricos (agora sim, um elogio). Vivo na corda bamba porque tenho o maldito dom de compreendê-los. Fico puto, mas infelizmente, sempre (ou quase) consigo entender a argumentação de todos. Por isso, de um lado sou omisso, de outro exagerado. A maldição é que esses lados nunca conseguem se compreender, e aí fica difícil para explicar. Enfim, sempre sobra pra mim.

E esclarecer isso (o parágrafo acima) é importante por um motivo. Mudar o mundo exige compreendê-lo e compreender as pessoas que ele o fazem. É entender a cabeça da burguesia (ainda usamos essa palavra?), as aspirações e necessitades do povo, a maneira como funcionam as instituições, suas tradições e linguagens.

Hoje, por exemplo, lia o texto de um grupo de esquerda no site e pensava. "Cara, como esses caras dão murro em ponta de faca". Na minha opinião, o texto não apresentava proposta alguma. Só fazia exigências impossíveis de cumprir. O erro do grupo, aí, é o erro de não compreender como funcionam (e como podem ser mudadas) as instituições. Para eles, a argumentação estava muito clara, exigiam o óbvio. Mas esse óbvio é só pra eles.

Ao mesmo tempo que lia isso, uma amiga me alertava para eu não me "rebelar" no novo trabalho. Eu tentei explicar que não é meu tipo fazer esse tipo de coisa, em vão. Ela é do grupo que me acha rebelde. Nessa conversa, portanto, foi que tive o insight para esse texto. Não é porque tenho que me adaptar às regras do trabalho, do mercado, do chefe, que eu tenha que aceitar o que é errado.

Muitas vezes as coisas são feitas de maneira errada por costume, porque ninguém falou que tava errado, ou quando falou, não teve força o suficiente para sair vitorioso (afinal, o mundo é um inimigo muito forte para enfrentarmos sozinhos). Mas é por isso que precisamos estar constantemente atentos para fazer o certo, para achar a brecha, para bater o pé.

Claro, nem sempre estaremos certos. Aliás, o certo é muito relativo. Mas a vontade de fazer o certo tem que ser constante. E para isso é preciso estar preparado, é preciso entender o mundo, as pessoas, as instituições.

É preciso trabalhar, sim. É preciso seguir certas regras (nem sempre). Sim. É preciso viver. Só não podemos desistir de viver melhor.

Esse mundo está todo errado. É só olhar e ver. Não fechemos os olhos. Diga não ao conformismo.

2 comentários:

  1. Eu sei que não tem muito a ver com seu texto mas -e talvez por isso eu faça parte do 4o. grupo: os excêntricos loucos - de certa forma eu acho que você deveria ler isso. Bem provavel que você ache uma pira escrito por uma pirada, mas eu - outra pirada - que venho lendo livros e acompanhando o tema sempre que posso na internet ou qualquer canal de comunicação, acredito que faz sentido. E no fundo, perceber o que acontece também é uma forma de dizer não ao conformismo. Meu blog atual é www.manuelamedeirostextos.blogspot.com mas o link que eu quero te passar é: http://karinpsicologa.wordpress.com/2010/01/07/ascensao-dores-e-fadigas-inexplicaveis-podem-ser-sintomas/#comment-4900

    Talvez você que, tem facilidade de compreender a pira dos normais, dos radicais,enfim,também passe a compreender a pira dos "malucos prafrentex do mundo em que vivemos hoje".
    Beijos e quando abrir o bar me avise. :)

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  2. bem, eu concordo totalmente com o post, que aliás está muito bem escrito!
    Não me considero radical, excêntrica ou normal, talvez um pouco de tudo dependo da situação, gosto de pensar que eu não sou, nem tenho um rótulo. Apesar disso, muitos na minha convivência acham que eu sou um pouco radical em algumas coisas, pois acho importante considerarmos determinadas questões ao extremo só para ver qual seria a nossa reação e justamente por achar que não é porque me adequou a certas pluralidades que concordo ou compactuo com elas.
    Mas também não sou contra tudo e todos, para certas coisas sou adepta e estou adaptada. Infelizmente não compreendo tudo, mas da minha maneira tento contribuir para o NÃO conformismo!

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